Tuesday, June 28, 2005

soldado sem medo(?)

não tive sorte em ir mas sim em voltar.

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Um dia...

Um dia, mortos, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.

O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados, irreais,
E há-de voltar aos nossos membros lassos
A leve rapidez dos animais.

Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais, na voz do mar,
E em nós germinará a sua fala.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Saturday, June 25, 2005

ilhas ao luar


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Fiz-me ao mar com lua cheia
A esse mar de ruas e cafés
Com vagas de olhos a rolar
Que nem me viam no convés
Tão cegas no seu vogar

E assim fui na monção
Perdido na imensidão
Deparei com uma ilha
Uma pequena maravilha

Meio submersa
Resistindo à toada
Deu-me dois dedos de conversa
Já cheia de andar calada

Tinha um olhar acanhado
E uma blusa azul-grená
Com o botão desapertado
E por dentro tão ousado
Um peito sem soutien

Ancoramos num rochedo
Sacudimos o sal e o medo
Falámos de música e cinema
Lia fernando pessoa
E às vezes também fazia um poema

E no cabelo vi-lhe conchas
E na boca uma pérola a brilhar
Despiu o olhar de defesa
Pôs-me o mapa sobre a mesa

Deu-me conta dessas ilhas
Arquipélagos ao luar
Com os areais estendidos
Contra a cegueira do mar
Esperando veleiros perdidos

A Ilha, Carlos T * Rui Veloso

Wednesday, June 22, 2005

Find another place to feed your greed


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(...)
I'm sick of the tension, sick of the hunger
Sick of you acting like I owe you this
Find another place to feed your greed
While I find a place to rest
(...)

A place for my head, Linkin Park

Tuesday, June 21, 2005

beira tejo

memórias de lisboa à beira tejo

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Barca bela

Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela.
Que é tão bela,
Oh pescador?

Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Oh pescador!

Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas cautela,
Oh pescador!

Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela
Só de vê-la,
Oh pescador.

Pescador da barca bela,
Inda é tempo, foge dela
Foge dela
Oh pescador!

Almeida Garrett, Folhas Caídas

Friday, June 17, 2005

sometimes i find my way home


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há caminhos difíceis de percorrer.
obrigado a quem ajuda.
(às pedras ainda não consigo agradecer)

Wednesday, June 15, 2005

no feelings no pain


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Hello,
Is there anybody in there?
Just nod if you can hear me
Is there anyone at home?

Come on now
I hear you're feeling down
I can ease your pain
And get you on your feet again

Relax
I'll need some information first
Just the basic facts
Can you show me where it hurts
(...)
pink floyd

Monday, June 13, 2005

mais sangue na navalha


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O teatro de marionetas só interessa a quem segura as cordas.
Ricardo Marques in sangue na navalha

Wednesday, June 08, 2005

quando um homem se poe a pensar


(C) TCA Posted by Hello

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Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar
quando um homem se põe a pensar

Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar

E se houver
uma praça de gente madura
e uma estátua
e uma estátua de febre a arder

Anda alguém
pela noite de breu à procura
e não há quem lhe queira valer
e não há quem lhe queira valer

Vejam bem
daquele homem a fraca figura
desbravando os caminhos do pão
desbravando os caminhos do pão

E se houver
uma praça de gente madura
ninguém vai
ninguém vai levantá-lo do chão

Vejam bem in Cantares do Andarilho de José Afonso

entrevado


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Com paciência viperina Maria arquitetou.
Vida e vingança.
Machado, martelo e infelicidade.
Quebrou a cama.
Jeitosamente arquitetada, a vingança perfeita.
José quase inocente, deita-se e a cama cede. As farpas se encoxam onde Maria havia visto Teresa encaixar-se nele.
Hoje, Maria e José, casados, continuam. Ela, faceira, embonitou depois do acidente. Ele, entrevado, vive só.
Camas separadas.

"A cama" de Maria Odila.

Monday, June 06, 2005

até à eternidade


(C) TCA: santantonioPosted by Hello

Hoje vi alguém rir porque a coragem de um homem estava encerrada num caixão.
Mais triste que indignado, fui vê-lo. Na exígua sala branca, uma caixa castanha luzidia parecia suspensa, rodeada de flores, gente de negro e suspiros abafados de dor.
Roguei à imagem solitária na parede: Acorda cruz de ferrugem estilizada! Se há em ti pingo de sangue, representação de vida ou Deus do além, estende a mão a quem jaz a teus pés e que sofreu, amou e deu vida à imagem daquilo que dizem que Tu és.

Wednesday, June 01, 2005

dias


(C) TCA Posted by Hello

os dias de muitas crianças seriam bem melhores se os tribunais de família e de menores tivessem menos preconceitos e pensassem mais nelas.

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Piping down the valleys wild
Piping songs of pleasant glee
On a cloud I saw a child,
And he laughing said to me,

"Pipe a song about a lamb";
So I piped with merry cheer;
"Piper pipe that song again" -
So I piped, he wept to hear.

"Drop thy pipe thy happy pipe
Sing thy songs of merry cheer"
So I sung the same again
While he wept with joy to hear.

"Piper sit thee down and write
In a book that all may read" -
So he vanished from my sight.
And I plucked a hollow reed,

And I made a rural pen,
And I stained the water clear,
And I wrote my happy songs
Every child may joy to hear.

Songs of Innocence, William Blake 1789