Tuesday, February 28, 2006

blind man

when a blind man cries (...)

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Retirei do cenário a cor
Vagueei pelas cidades cinzentas

Olhei as minhas mãos
Vi-as negras de pó

Ouvi ao longe um ruído mudo
Tão longe que quase não era

É que me disseram que a cor não existe
Que tudo é plano sem forma nem tons

Que afinal vivemos numa ilusão tão grande
Que nunca chegamos a saber quem somos.

negro; de monalisa no sítio da saudade

Wednesday, February 22, 2006

touching


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contempla
sem hora
sem tempo

demora

dedo que roça
pele que toca
fruta em sumo

vinho em taça

engole sem medo
desfruta em segredo

prazer de ser
cicuta

engodo de anna, brincos de palavra

Tuesday, February 14, 2006

marcha fria


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Multidão anónima
… emergem de qualquer parte
trazendo consigo do vazio o estandarte!
Povoam cidades e cidades
indiferente, anónima e alheia
a sofrimentos ou a felicidades!
Contudo, ninguém entende
que todos serão um dia
envolvidos na mesma teia,
tecida pela teia que vagueia
por essa imensa estrada,
indefinida e fria

De tudo um pouco, Deolinda Mateus

Monday, February 13, 2006

Friday, February 10, 2006

moods #2: burning


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Deixem-me em paz por favor
Ouçam o vento, façam silêncio
Estrangulem a voz, calem a dor
Brinquem às aparências, façam longe a festa.

Não estou para ninguém
Aqueles para quem estava
E de quem precisava
Foram...deixá-los ir, não quero a tua mão na minha testa!

Quero um cavalo sem sela
Um sol que arda
Deitar-me entre os camaleões
As cobras e os escorpiões.

Quero olhar-te com ódio puro
Queimar-te com a chama intensa
Sentir a altivez da indiferença
Cuspir que te esconjuro.

Já guardei a faca entre as calças e a pele
Invoquei a alma cigana
Fica com o vestido rosa e capa em tons pastel
Guarda o calor da minha roupa que eu vou dormir nua à sombra da iguana.
hirondelle, voando no inverno

Thursday, February 09, 2006

moods #1


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Tive pérolas, às centenas
No pescoço, nas orelhas, nos dedos
E até no umbigo
Mas há sempre
Esta alma inquieta e pouco amena
Que me faz
Sentir que viver é ter os sentidos acesos
Ouvir o vento contar-me segredos antigos
Há sempre
Uns olhos risonhos por trás da melena
Uma mesa em frente ao mar
E vontade sem medos
Cheiros intensos com sabores ariscos
Que me fazem trocar fortuna e pérolas
Por alegria, vinho branco e ostras.

hirondelle, voando no inverno