quando à noite surgiste e brilhaste não foi tarde nem cedo nem noite nem dia...
(C) TCA
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Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde que a boca tardando e o beijo mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que á noite amando se deram
Entre os braços da noite de tanto se amarem vivendo morreram
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Eu não sei meu amor se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste de um triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor nunca é tarde nem cedo
Para quem se quer tanto...
Estrela da tarde, Ary dos Santos
9 comments:
Foi o teu olhar de artista.
Estonteante este poema. Belíssimo.
Obrigada por ele. E um beijo daqui, do outro lado do mar.
maravilha!
Muito bonito o traço que ilustra este fabuloso texto do Ary. OUvi o carlos do carmo a cantá-lo agora aos meus ouvidos e adorei. Muito, muito bonito. Um abraço com admiração. Azul.
A luminusidade da noite é sempre especial.
Beijos!
Não sei se diga belíssimo poema, belíssima canção, belíssima voz que a canta, belíssimas todas as palavras do poeta Ary. Posso simplesmente dizer belíssimo o momento em que nos ajudaste a recordá-lo(s).
Pela primeira vez li este poema em vez de ouvir. É ainda mais bonito... tal como a tua estrela. Beijos
sem vergonha e com prazer, vou levar... inteirinho
:)
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