oi, fazes um desenho a meias comigo?
(C) TCA (C) príncepe lunático
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Os meus olhos são uns olhos,
e é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos,
onde outros, com outros olhos,
nao vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos, diz flores!
De tudo o mesmo se diz!
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Pelas ruas e estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente!!
Inutil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos,
D.Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos!
Vê gigantes? São gigantes!
António Gedeão
Sunday, July 24, 2005
Friday, July 22, 2005
aprendiz de feiticeiro
(C) TCA
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Uma gota… e mais outra,
Uma hora.
Um fumo, um vapor
Outra hora
O fluido que foi verde e derramou
A espera!
à minha passividade sucede-se a impaciência
A saturação... a frustração!
Que me querem?
Para que me chamam?
Eu não estou, não posso ir... não quero ir
Vou esperar... aqui, no escuro!
Virá um dia em que os meus
fumos e fluidos serão os mais coloridos
E as suas cores não caberão aqui
Libertar-se-ão dos meus limites
Porque eu obtive o composto da
FELICIDADE
C.C. (dedicatória a um aprendiz de químico)
Tuesday, July 19, 2005
fachadas perversas
(C) TCA
Dizem as repórteres mais seniores da Voz da Beatice, diário mais que oficial da paróquia, que o belo homem, o senhor padre Alberto Rosa, só tem olhos para a igreja e para as flores do seu jardim. E, de facto, assim é. Na sua sacra rotina, depois da santa missa, tagarela com a comunicação social e volta para o seu recanto. Nessa manhã entrou misteriosa a Filomena, a sua mais encantadora catequista, interrompendo a leitura em que se deleitava.
- Que te traz, minha filha?
- Ai. Estou tão contente... mas acho que o senhor não vai gostar.
- Diz minha filha... A mão foi acarinhando o joelho, subindo pela perna que ora procurava ora se afastava da outra.
- Ai padre... Se não pára... Já estou a ferver.
- Conta lá fofinha que ideias trazes? de que é que achas que hoje não vou gostar?
- Não é bem isso, disse ela fechando os joelhos.
- É que, sabe..., mas não se preocupe que não digo nada, até estou contente com isso... e não me importo! a sério que não importo mesmo. O meu namorado até...
- Vá. Pára lá com isso e diz de uma v...
- Estou grávida! É seu.
O pobre servo fitou o seu amo que já o mirava complacente lá do crucifixo da parede.
- Não se preocupe; Não me importo, padre; eu convenço o meu namorado que é dele.
- Pois é... Mas isto nos dias de hoje já não é assim. Eu sei... se sei, minha filha! Agora está tudo bem mas depois se a coisa muda.... Não, espera. Espera! Tenho um amigo no Porto que conhece...
- Nem pense, padre. Não vou fazer isso. Além do dinheiro, que não tenho, isso é ilegal e muito arriscado.
- Espera, espera minha filha, tem calma. Eu pago tudo. Paga nada – sabe que um aborto fica muito caro. E nunca o faria em Portugal. Alem disso quero o bebé.
- Tem calma minha filha... Tem calma. Quanto queres?
- 3000 euros, padre.
- Oh filha... por amor de deus, a igreja não tem esse dinheiro.
- Não se preocupe. Fique descansado eu não faço. Não se preocupe, a sério.
- Está bem, disse o padre bonacheirão caindo na sua velha poltrona. Passa cá amanhã.
Recebeu um beijo na careca lustrosa e ficou matutando enquanto ela saía jovial ondulando a saia colorida: 600 contos um aborto. Raio de fedelha, mas é sobrinha do Dr. Gildo... Está o mundo perdido, meu deus. O último custou-me pouco mais de 100.
Friday, July 15, 2005
sabedoria
(C) TCA
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Durante o processo de criação, o artista e a obra influenciam-se mutuamente: a obra oferece-lhe constantes sugestões, que visam suplantar o projecto inicial do criador. Se este possuir a humildade e a autocrítica suficientes para atender a tais alvitres e seguir-lhes os ensinamentos, criará uma obra que transcenderá as suas capacidades pessoais.
Karl R. Popper in "O conhecimento e o problema corpo-mente"
tirado daqui
Wednesday, July 13, 2005
tarde
(C) príncepe lunático
era tarde tão tarde e escuro que a noite tardava
era noite tão fria e tão tarde que o corpo tremia
era ânsia o tremor que o amor e o desejo calava
era tarde na vida e na noite e na estrada cheia e vazia
e quando à noite surgiste e brilhaste não foi tarde nem cedo nem noite nem dia...
meu amor meu amor foste corpo e desejo rasgado na alma que já tarde amanhecia
foste o mar de ternura que na noite sem sono e sem frio foi tumulto e brandura
meu amor meu amor minha vaga perdida surgiste na noite e brilhaste na vida
Tuesday, July 12, 2005
estrela
quando à noite surgiste e brilhaste não foi tarde nem cedo nem noite nem dia...
(C) TCA
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Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde que a boca tardando e o beijo mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que á noite amando se deram
Entre os braços da noite de tanto se amarem vivendo morreram
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Eu não sei meu amor se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste de um triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor nunca é tarde nem cedo
Para quem se quer tanto...
Estrela da tarde, Ary dos Santos
(C) TCA
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Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde que a boca tardando e o beijo mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que á noite amando se deram
Entre os braços da noite de tanto se amarem vivendo morreram
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Eu não sei meu amor se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste de um triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor nunca é tarde nem cedo
Para quem se quer tanto...
Estrela da tarde, Ary dos Santos
Friday, July 08, 2005
Monday, July 04, 2005
Saturday, July 02, 2005
A um deus perverso
(C) TCA
Porque és infinitamente bom
Fizeste-nos à tua imagem e semelhança
E cá vamos, filhos e súbditos da herança.
Olha cá para baixo e vê os filhos que criaste
Alguns, se são teus filhos, por certo saem à mãe
Mas ela é boa e santa. És tu.
Outros são enjeitados, pai desnaturado.
São filhos de deus ou filhos da puta?
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