Tuesday, September 18, 2007

aconchego


(C) TCA

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Fecha-me na tua mão,
Se me fechares na tua mão estarei segura,
Se me guardares na tua mão nem os meus medos
De mim saberão,

E de mim perderão todos os sinais.
Depois…
Depois leva-me para onde fores,
Num bolso fechada
Num canto do peito escondida,
Que de mim me quero perdida
E por ti perdida de amores.

Perdida, encandescente, erotismo na cidade

Sunday, September 09, 2007

nem todo o corpo é carne...


(C) TCA
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Nem todo o corpo é carne... Não, nem todo.
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
às vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco...?

E o ventre, inconscientemente como o lodo?...
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não, meu amor... Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo...

É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio

Vulto da Primavera em pleno Outono...
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo!

Presídeo; David Mourão-Ferreira