Thursday, April 27, 2006

azul(ando)


(C) TCA Posted by Picasa
_______________________________
Quinta-feira azul de tinta.
Mar e céu de um azul forte.
Azul cortado pelo norte.
Vento nortada
Desnorte.
Nem mar nem céu
Nem fiozinho de horizonte.
Um contínuo cor de tinta
Azul de mar e céu forte.
Nem o afago no céu
Do voo de uma gaivota,
Nem a crista de uma onda.
Só ela rodopiava
Branca de frio e de morte.

Quinta-feira azul intenso
Mar e céu e horizonte.
E só ela muito branca
Dançando ao vento norte.

Quinta-feira azul de tinta
Sem linha de horizonte.

Quinta-feira azul, sei lá, repensando

Tuesday, April 25, 2006

cravo da mudança


(C) TCA Posted by Picasa

____________________________________
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Luís de Camões

Friday, April 21, 2006

reverso abstracto


(C) TCA Posted by Picasa

_______________________________
que dizer do ponto em que se alonga
uma recta
do concreto abstracto ponto
em que a imponderabilidade do universo
se quebra e duas mãos se tocam?

:há qualquer coisa de muito por dizer
de um momento em que o tempo
fugindo à medição
faz coincidir duas rectas paralelas

(abstractoconcreto, versoanversoreverso)
(C) blimunda

Monday, April 17, 2006

keep talking


(C) TCA

___________________________________
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Há palavras que nos beijam, Alexandre O’Neill/ Mário Pacheco
Mariza

Wednesday, April 12, 2006

braga de roxo-violeta


lá ao fundo da viela começa a cidade a vestir-se de roxo solene. e eu, q n distingo as cores pelos tons, encanto-me com o violeta.

(C) TCAPosted by Picasa

Thursday, April 06, 2006

under my skin


(C) TCAPosted by Picasa
________________________________________
Entras como um punhal
até à minha vida.
Rasgas de estrelas e de sal
a carne da ferida.

Instala-te nas minas.
Dinamita e devora.
Porque quem assassinas
é um monstro de lágrimas que adora.

Dá-me um beijo ou a morte.
Anda. Avança.
deixa lá a esperança
para quem a suporte.

Mas o mar e os montes…
isso, sim.
Não te amedrontes.
Atira-os sobre mim.

Atira-os de espada.
Porque ficas vencida
ou desta minha vida
não fica nada.

Mar e montes teus beijos, meu amor,
sobre os meus férreos dentes.
Mar e montes esperados com terror
de que te ausentes.

Mar e montes teus beijos, meu amor!…

Amor à vista; Fernando Echevarría