Thursday, April 27, 2006
azul(ando)
(C) TCA
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Quinta-feira azul de tinta.
Mar e céu de um azul forte.
Azul cortado pelo norte.
Vento nortada
Desnorte.
Nem mar nem céu
Nem fiozinho de horizonte.
Um contínuo cor de tinta
Azul de mar e céu forte.
Nem o afago no céu
Do voo de uma gaivota,
Nem a crista de uma onda.
Só ela rodopiava
Branca de frio e de morte.
Quinta-feira azul intenso
Mar e céu e horizonte.
E só ela muito branca
Dançando ao vento norte.
Quinta-feira azul de tinta
Sem linha de horizonte.
Quinta-feira azul, sei lá, repensando
Tuesday, April 25, 2006
cravo da mudança
(C) TCA
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Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Luís de Camões
Friday, April 21, 2006
reverso abstracto
(C) TCA
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que dizer do ponto em que se alonga
uma recta
do concreto abstracto ponto
em que a imponderabilidade do universo
se quebra e duas mãos se tocam?
:há qualquer coisa de muito por dizer
de um momento em que o tempo
fugindo à medição
faz coincidir duas rectas paralelas
(abstractoconcreto, versoanversoreverso)
(C) blimunda
Monday, April 17, 2006
keep talking
(C) TCA
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Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
Há palavras que nos beijam, Alexandre O’Neill/ Mário Pacheco
Mariza
Wednesday, April 12, 2006
braga de roxo-violeta
Thursday, April 06, 2006
under my skin
(C) TCA
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Entras como um punhal
até à minha vida.
Rasgas de estrelas e de sal
a carne da ferida.
Instala-te nas minas.
Dinamita e devora.
Porque quem assassinas
é um monstro de lágrimas que adora.
Dá-me um beijo ou a morte.
Anda. Avança.
deixa lá a esperança
para quem a suporte.
Mas o mar e os montes…
isso, sim.
Não te amedrontes.
Atira-os sobre mim.
Atira-os de espada.
Porque ficas vencida
ou desta minha vida
não fica nada.
Mar e montes teus beijos, meu amor,
sobre os meus férreos dentes.
Mar e montes esperados com terror
de que te ausentes.
Mar e montes teus beijos, meu amor!…
Amor à vista; Fernando Echevarría
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