Thursday, January 25, 2007

my way


(C) TCA

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Quero o teu corpo nu.
Vestido de pressa
Despido de roupa.
Sem outro anseio ou outra vontade
Que não….
A do meu corpo nu.
Vestido de pressa e de desejo,
A pele fome
As mãos avidez,
O peito batendo
O frio espreitando,
O corpo aguardando
A boca pedindo…
Pressa!
Ao teu corpo nu.
Depressa!
Veste o meu.

pressa; encandescente; erotismo na cidade

Thursday, January 18, 2007

fachadas


(C) TCA
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...já te disse que são os do primeiro...
...e afinal não pudémos telefonar...
...ai nem queira saber o engenheiro...
...se me dão licença eu vou contar...

...penses nisso era só o que faltava...
...não as outras duas é que são as tais...
...mas o senhor presidente autorizava...
...na avenida centenas de pardais...

...de facto muito inteligente...
...ó filha por aqui fazes favor...
...que veio ontem para falar com a gente...
...é mesmo lá ao fim do corredor...

A Central das Frases, Alexandre O'Neill
(poesia satírica)

Saturday, January 13, 2007

triste planura


(C) TCA

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Ardia o sol de Inverno no chão do Alentejo.
Chão de antiquíssimos arderes.
Chão de vermelhos de papoilas.
Vermelhos de sangues.
De lenços de moçoilas.
Escarlate de faces namoradas.
Alentejo que ardias em Janeiro
num céu azul que encandecia.
Azul tão puro e liso que doía.

Olhar que longe de ti te andava.
Olhar que em azul se desfazia.
No Alentejo ao início da tarde
o sol doía de doirado.

Em um Janeiro mal começado
doiravas mais o céu
tu que de viver partias.
No céu azul onde em Janeiro,
Inverno,
ardia o sol doirado no chão do Alentejo
e tu partias
brilhando de um viver que nos doía.

partida; seilá; repensando

Sunday, January 07, 2007

um corpo


(C) TCA

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Um corpo, certamente. Mas que é um corpo?
Boca, seios, coxas, sexo,
um sorriso, a mão que afaga, voz?
Que trevas, quais trevas,
de esquecer ou ir tão fundo
quando o desprender-se da alma abre
nas portas da luxúria os céus em fogo?

Céus em Fogo, Adolfo Casais Monteiro